Papilas circunvaladas

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Captador sem recursos

Hoje não quero vestir o seu colete,
ele não é a prova de balas,
eu fico exposta às suas palavras,
e suas objeções de projéteis querem me furar.

Só por hoje, nem por um segundo,
não irei às ruas para salvar o mundo,
onde cito, plantas, sol, mares e baleias,
só para te convencer.

Não quero saber,
hoje só quero cuidar de mim,
sem que pessoas me ignorem passando por mim,
enquanto o futuro pode nunca chegar,
e tudo que temos pode um dia acabar,
e no fim do mundo com certeza,
não haverá mais terra, água e ar,
eliminada toda a vida e beleza,
não haveria resquícios da natureza.



XNilakanthaX(Penaforte)

Flor de asfalto

Quer adotar cãezinhos e gatinhos de rua,
andar de bike pela cidade,
tomar suco natural,
e sem beber café,
quer apreciar a brisa da manhã na janela degustando um chá ou um suco natural,
e o açúcar tem que ser orgânico,
de preferência o cristal ou demerara.
Disse para mim um dia, que a fruta com a cor mais vibrante,
é a que lhe dará mais força para suportar o dia tenso.
Mas...
Ao sair de casa,
ao invés de gatinhos e cães,
acabara adotando um novo e péssimo hábito,
esqueceu a bike na hora da pressa, e deve ter ido de ônibus, carro ou metrô.
Na padaria não tinham chá de hibisco,
se contentou com uma Coca Cola,
e com o doce de açúcar refinado.
A fruta amassou na bolsa,
ficou escura, machucada,
teve fome, e comprou um salgadinho qualquer no almoço,
atacou o estômago,
e logo se sentiu fraca antes do final do dia.



XNilakanthaX (Penaforte)

Ai se eu pudesse...

Um daqueles dias típicos de pertubação,rolava de um lado para outro na cama,
e se sufocava devido o inchaço das amígdalas causado pelo refluxo, a consequência de comer feito um animal,e conter no estomago a raiva primitiva gerada pelo stress.
Não nasceu rico de dinheiro,mas a preguiça na alma era abundante, daí então, criava diversas maneiras para ganhar uma vida fácil,malandra e larga, mas todas elas por sua vez lhe eram tão frustrantes, e sempre terminava com o discurso que a ausência de esperteza para dar a reviravolta foi por não ter estudado, e de forma velada assumia que era burro.
E sempre, toda vez, a única saída era ter que trabalhar para os outros, estes outros que lhe era tanto odiados, aqueles comerciantes bonachões, donos da padaria, do mercado, açougue, do buteco, que em seus suadouros pela fartura adiposa, no seu íntimo deixavam no ar que se quisessem se secariam com notas de dinheiro enquanto os serviam no cargo mais baixo.
E para piorar, a pontualidade era seu calcanhar de Aquiles, sempre que tinha que abrir mão dos "só mais 5 minutinhos de cama", por estar estropiado pela noite anterior onde havia anunciado a saideira as onze da noite, mas acabou chegando carregado em casa lá pelas 5 da manhã, junto com o cacarejo do galo do vizinho.Se chegasse atrasado, levaria uma suspensão com direito a esculacho do patrão como bônus, uma vez que já tinha recebido a terceira advertência semana passada,
e ao pensar nisso, ainda torto na cama e com o teto girando e os neurônios destruídos, ao concluir que teria que levantar, a irritabilidade lhe perseguia ao decorrer dia, como um relógio que não para de despertar mesmo após umas porradas, um panelaço infernal ao pé da orelha,várias vuvuzelas do gol da copa, e entre outras referências infernais de tormentas sonoras que o faziam perder a linha fácil.
Ah , mas como queria ter nascido rico.
Poderia dormir tarde, acordar ao meio dia, aliás foda-se! Levantaria a hora que quisesse, comeria a mulher que quisesse, viajaria para onde quisesse, não precisaria estudar,era rico mesmo, tão rico que iria ficar entediado de tanto gastar dinheiro e bater perna em shoppings. Em sua concepção, rico tinha que gastar, para mostrar que tem, não importava com o que, até mesmo se fossem em ações beneficente a uma instituição que nem sabia o nome, pois nestes encontros entre cafezinhos, drinques, sorrisinhos e apertozinhos de mão, os deixavam tão Chics que era exalada a nobreza através do borrifador da caridade, via isso nas novelas desde pequeno, e julgava assim as patroas e patrões de sua mãe.
Até nisso, não tinha noção nem de desfrute,onde esta vida de economia de fadiga,
lhe traria uma somatória de inutilidades, e em seu espelho da vagabundagem emoldurado a prata com detalhes em swarovski, lhe mostraria que quando o espirito é de porco,
não há água no mundo que lave o lamaçal da alma, e para a sua força de vontade de lesma
qualquer mero esforço é sal.



XNilakanthaX (Penaforte)