Papilas circunvaladas

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A boa sem-vergonice dos espontâneos

Apaixonada agora por cachos,
de pessoas que lembram o cheiro de terra molhada após a chuva.
Me atrai aqueles sorrisos brancos,
de dentes fortes que em uma mordida comeria toda a minha carne,
o sorriso escrachado que sai do fundo da garganta,
é projetado com a cabeça para cima e emoldurado com a mão nas ancas,
me desinibe e me chama para a boa sem-vergonhice dos espontâneos.

O suor na sua pele cor de terra a faz brilhar,
seu corpo vira notas musicais,
os movimentos parece dança do acasalamento,
que sutilmente em passos fortes e músculos a mostra,
se pisar no calo parte pra guerra,
com um búfalo nas costas e com o escudo e a espada na mão.

Este povo de sangue quente,
de rosto marcante de tão bonito que é,
revela uma face da cidade com pitada selvagem,
quem nem pimenta em conserva,
que quando se tira a tampa,
o aroma se espalha e atiça quem tá perto,
queima a boca, arde a pele, saem água dos olhos
e fica difícil se segurar.





Nilakantha(Lucimara Penaforte)